Os artigos abaixo nos dão uma visão da INEXISTÊNCIA DE ESTUDANTES NA UNE.
Então, porque ela existe? Não é problema nosso...
Nosso problema é construirmos novas organizações estudantis, e não deixar que estes politiqueiros
entrem (afinal, cheiram muito mal...) Vamos fazer a NossaUNE Ro-Shan-Bow!!!
Maioria pertence a algum grupo ou
partido político
Cerca de 2.000 estudantes já chegaram à BH para o congresso
(da enviada especial a Belo Horizonte)
Entre os 2.000 participantes do congresso da UNE que já chegaram à BH e circulavam ontem pelo local
do congresso, era difícil encontrar quem não trouxesse alguma forma de identificação de grupo
político.
Muitos usavam adesivos, camisetas e faixas para localizar os ''correligionários''.
''Vim para votar com a tese da UJS (União da Juventude Socialista, grupo ligado ao PC do B), à qual
sou filiada'', disse a estudante amazonense Alessandra Campelo, que vestia uma camiseta com o slogan
da UJS.
Na outra ponta estava o membro do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade Federal do
Ceará, Roberto Franco, 21, que distribuía impressos com textos defendendo que a UNE lutasse contra o
capitalismo. ''A UNE é burguesa''.Segundo Franco, como o seu grupo, chamado de Contra corrente, é
contra a cobrança de taxas e de lucro, o DCE só cobra o preço de custo da carteirinha estudantil, de
R$ 2,25.
Para alguns, como o aluno de psicologia de Campinas Sandro Acosta, 23, e o gaúcho Emílio Rotta, 21,
tudo era novidade. ''Vim porque estava me achando alienado. Acho que não tem problema a pessoa ser
filiada a um partido, mas não pode deixar o partido tomar conta da UNE'', disse Acosta, que é
delegado (vota no congresso).
Para o presidente da UNE, Orlando da Silva Júnior, o número de estudantes '' partidarizados '' no
congresso não é maior que os que não têm partido ou ligação com grupos políticos.
Folha de São Paulo, 03/07/97, COTIDIANO
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O Fantasma da UNE
A UNE (União Nacional dos Estudantes) completa 60 anos confinada à irrelevância.
Desconectada da maioria dos estudantes, cujos anseios em tese deveria interpretar, e refém de meia
dúzia de dogmas políticos cujo anacronismo já se tornou folclórico, a entidade hoje não é mais
representativa.
Foi sitiada por um grupelho oportunista incrustado no PC do B, que a transformou nos últimos anos em
instrumento de práticas políticas autoritárias ancoradas em bandeiras agonizantes, como o estatismo
e o ultranacionalismo.
O fato de que a entidade sobreviva à custa do monopólio sobre as carteiras que dão aos estudantes o
direito à meia-entrada nos cinemas é apenas um sintoma mais evidente da sua completa insignificância.
Nos anos 60, quando o movimento estudantil eclodiu com força no mundo, a UNE aglutinou em torno de
si interesses reais e parecia estar sintonizada com a demanda de grande parte dos universitários.
A criação do CPC (Centro Popular de Cultura) e a resistência ao regime militar são provas da
vitalidade de uma entidade da qual se podia discordar, mas que não se poderia ignorar.
O arrefecimento das aspirações coletivistas dos anos 60 esvaziou um dos motores do movimento
estudantil. Enquanto alguns poucos líderes da UNE mergulhavam na insanidade da luta armada ou
partiam para o exílio, a maioria dos estudantes se distanciava da política, a qual foi aos poucos
perdendo a importância que tivera na vida dos jovens.
Criou-se um fosso entre uma base estudantil pulverizada e despolitizada e uma cúpula acostumada a
conchavos que funciona como títere de grupelhos de esquerda sem nenhuma representatividade social.
Se a desimportância atual da política estudantil não se deve exclusivamente à UNE, é fato que a
maneira como a entidade se conduziu nas últimas décadas foi decisiva para espantar estudantes já
propensos à apatia.
EDITORIAL, Folha de São Paulo, 01/10/97
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UNE vota temas não-ligados a estudantes
Congresso aprova resolução contra lei americana que restringe importação de produto cubano
A lei Helms Burton é americana e prevê punição às empresas que negociem com quem utilize propriedades
expropriadas de norte-americanos pelo regime comunista cubano. Mas, em seu 45� Congresso, a UNE
(União Nacional dos Estudantes) aprovou uma resolução contra ela.
Pelo menos teoricamente, as resoluções que saem do congresso devem ser implementadas pela entidade.
''Essas discussões são esdrúxulas. Como é que a UNE acha que vai impedir a implantação de uma lei
norte-americana?'', diz a mineira Ana Paula Lima, 22. É o seu primeiro congresso da UNE.
A votação sobre a lei Helms Burton preencheu pelo menos uma tarde de discussões no congresso da UNE,
que foi encerrado ontem. A entidade acabou aprovando, contra as propostas de alguns, a ''defesa da
revolução e das conquistas do povo cubano''.
Os que eram contra essa proposta queriam a aprovação de uma moção ''contra a restauração capitalista
promovida pelo governo do Fidel Castro''.
Quem defendeu a proposta vitoriosa sobre ''as conquistas do povo cubano'' foi o deputado Lindbergh
Farias (PC do B-RJ), que ainda é estudante de direito. Peru O ''repúdio ao massacre dos guerrilheiros
do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru) pelo regime genocida de Fujimori (Alberto Fujimori,
presidente do Peru)'' foi outra das propostas aprovadas pelos participantes do congresso.
A UNE também votou pela reivindicação de um aumento de 100% do salário mínimo brasileiro.
Votações
O PC do B, partido que tem a maioria dos delegados no congresso da UNE, ganhou todas as votações, e
tem garantida a eleição do presidente (leia abaixo).
A posição da entidade contra o provão e pelo monopólio da UNE sobre a produção das carteirinhas não
mudou. As eleições diretas para a entidade também não foram aceitas.
A votação mais polêmica do congresso foi a que acabou com as eleições diretas para delegados nas
escolas.
Os delegados agora serão eleitos para congressos estaduais, que vão escolher os representantes de
cada Estado no congresso da UNE. A ala esquerda do PT e o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores
Unificados) foram contra e ameaçaram ir embora do congresso por causa da aprovação da proposta. Até
o fechamento desta edição, eles ainda ameaçavam não disputar a eleição para a diretoria da UNE.
Outra proposta inédita aprovada pelo congresso da UNE foi a de que 20% dos cargos da diretoria da
UNE sejam ocupados por mulheres.
Folha de São Paulo, 07/07/97, cotidiano, autor: MALU GASPAR
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