Os artigos abaixo nos dão uma visão da INEXISTÊNCIA DE ESTUDANTES NA UNE.
Então, porque ela existe? Não é problema nosso...
Nosso problema é construirmos novas organizações estudantis, e não deixar que estes politiqueiros
entrem (afinal, cheiram muito mal...) Vamos fazer a NossaUNE Ro-Shan-Bow!!!
A estúpida UNE
"Concordo com o leitor Érico Hack (14/7) e apoio sua idéia de fazer a meia-entrada (nos programas
culturais) com outro documento estudantil que não seja a carteira da UNE. Com isso, deixaríamos de
patrocinar um partido político antidemocrático que atende pelo nome de UNE e utiliza nosso dinheiro
e nossa imagem para fazer badernas e oposições sem argumentos, como nos casos do provão e das
privatizações.
Infelizmente, a UNE é liderada por representantes do PC do B que defendem, entre outras asneiras, a
ditadura de Fidel Castro, grupos guerrilheiros como o Tupac Amaru e acham que o futuro do Brasil
está em seguir o exemplo de países paupérrimos como Albânia, Cuba e Coréia do Norte.
Por essas e outras, os jovens progressistas como eu deveriam criar outra liga estudantil,
desvinculada de partidos políticos e cujo interesse seria defender a qualidade de ensino no Brasil e
não ficar fazendo protestos que sempre acabam em selvageria inútil."
Folha de São Paulo, 28/07/97, folhateen, autor:Adriano Faccio, 18 (via e-mail)
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UNE anda meio desligada
PEC 370. Já ouviu falar? É o inimigo número um da UNE (União Nacional dos Estudantes). Sigla e
número designam a Proposta de Emenda à Constituição que altera a administração das universidades
federais. Se for aprovada pelo Congresso, as universidades poderão decidir o que fazer com o
dinheiro que recebem do governo (leia texto na página 6-5).
Se você não ouviu falar da PEC 370, não se preocupe. Não é problema seu. É problema da UNE. A
entidade vive tão distante dos estudantes, segundo dois ex-presidentes da entidade, que nem
português fala mais. Fala "burocratês".
"A UNE está divorciada dos estudantes e não discute problemas reais porque está longe das salas de
aula", diz o deputado federal Lindberg Farias (PSTU-RJ), que presidiu a entidade nas passeatas dos
"caras-pintadas" contra o presidente Fernando Collor, em 1992. O ataque de Lindberg pode ser puro
oportunismo _ele saiu do PC do B, partido em que está a presidência da UNE, e entrou no PSTU.
O fato é que seu diagnóstico de divórcio, no ano em que a UNE faz 60 anos, não é isolado. É
compartilhado por diretores da UNE.
Só o presidente da entidade, Ricardo Capelli, e outros diretores do PC do B acham que está quase tudo
bem. "A UNE, talvez, nunca tenha sido tão representativa como nesta década. Em 1992, colocamos 1
milhão de estudantes nas ruas. Havia mais gente do que em 1968", afirma Capelli. O único problema
que há agora é de comunicação entre a diretoria e os estudantes, diz.
O problema é bem mais grave, segundo Márcio Jardim, vice-presidente da UNE e adversário do
presidente _Jardim é do PT, e Capelli, do PC do B. "A UNE se afastou dos estudantes porque foi
tomada pelos partidos, e eles fecharam o círculo: quem está fora de partido não entra", analisa
Jardim.
A rigor, a UNE foi tomada por dois partidos. Nos últimos 18 anos, o PC do B ocupou a presidência por
14 anos; nos outros 4, o PT esteve à frente. "O movimento estudantil não consegue mais fascinar
porque os jovens preferem ficar longe dos partidos", defende a socióloga Janice Tinelli, autora de
uma tese de doutorado sobre militância nos anos 90 (leia texto abaixo).
Esse virtual monopólio do PC do B transformou o discurso da UNE num ramerrão monocórdio, diz o
engenheiro químico Clóvis Langoni, um petista que dirigiu a UNE entre 1989 e 1991.
"Falta uma identidade juvenil para a UNE. Ela tem um discurso ideológico, e os jovens estão
preocupados com coisas concretas", diz Langoni. Questões como o futuro profissional, ecologia,
aborto e drogas estão na pauta dos jovens e não existem para a UNE.
Há pelo menos dois culpados imediatos pelo divórcio entre a UNE e estudantes, segundo Márcio Jardim:
a carteirinha de estudante e a eleição indireta.
Até 1992, a UNE vivia com R$ 100 mil ao ano. Agora, por conta da carteirinha, tem em caixa R$ 1
milhão. "A UNE ficou rica e virou um cartório que emite carteiras. Não há mais disputa política, há
disputa por um mercado de R$ 1 milhão", diz Jardim.
Os números das duas últimas eleições indiretas apontam um esvaziamento do congresso da UNE. Em 1995,
2.917 delegados votaram na eleição da nova diretoria. Este ano, foram 1.974.
Não é um esvaziamento ocasional, analisa Euclides Agnella, diretor da UNE ligado ao PSTU. O PC do B
estaria esvaziando o congresso para não sofrer pressão das bases, segundo ele.
Capelli, presidente da UNE, acha a idéia conspiratória demais, mas continua defendendo eleições
indiretas. Sua justificativa é uma pérola do autoritarismo. Ele acha que a votação direta aumentaria
o risco de corrupção.
Folha de São Paulo, 27/10/97, folhateen
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Estudantes votam hoje nova diretoria da UNE
Partidos políticos devem dominar a direção da entidade; militante do PC do B é o favorito à
presidência da entidade
Estudantes votam hoje nova diretoria da UNE
Será escolhido hoje, no congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) em Belo Horizonte, a
próxima diretoria _e o presidente_ da entidade.
Até que comece a votação, não dá para afirmar quem será eleito, mas de uma coisa já se pode ter
certeza: estudante sem partido político tem poucas chances.
Todas as teses (plataformas políticas) apresentadas no congresso têm vinculação com partidos. Os
líderes já têm idéia de quantos delegados controlam e, portanto, de seu poder de negociação.
A diretoria é formada de acordo com a quantidade de votos de cada chapa. A que tem mais votos
escolhe o presidente. Desde 1979, quando a UNE foi reativada, com a reabertura do país, estudantes
ligados a partidos disputam a sua diretoria. Desde 1990, filiados ao PC do B são eleitos presidentes.
E é o PC do B que, segundo todos os grupos políticos do congresso, tem de novo a maioria dos votos.
''Nós temos cerca de 2.200 votos'', diz Marcelo Ramos, 23, estudante da Universidade Federal do
Amazonas, filiado ao PC do B.
A afirmação é mais uma das tantas que servem como mote para a negociação. Somadas todas as previsões
dos líderes de bancadas ouvidos pela Folha, haveria no congresso cerca de 6.000 delegados, 900 a
mais do que os que foram eleitos e cerca de 2.000 a mais do que os que haviam sido credenciados
até a noite de sexta-feira.
Contra
O partido é contra eleições diretas para a diretoria da UNE e defende o boicote ao provão do MEC.
Formar uma chapa única com todos os partidos, repetindo a formação do bloco parlamentar de oposição
formado no Congresso Nacional, é o objetivo do PC do B.
A idéia é patrocinada pelas direções do PT e o PC do B, mas encontra resistência em vários grupos.
Muitos já avisaram que não vão participar da coligação. ''Achamos que a UNE tem que fazer uma luta
socialista contra FHC, e isso ela não está fazendo'' diz Euclides Agrela, do PSTU. Segundo ele, o
PSTU tem 350 votos.
A segunda maior representação do Congresso parece estar dividida entre o grupo formado pelo PDT e
pelo PSB, que afirma ter 780 delegados, e pelo grupo da Articulação, tendência à direita do PT, que
afirma ter garantidos 800 votos.
Jones Matos, 25, estudante goiano de ciências sociais filiado ao PPS, disse que o seu partido reúne
cerca de 300 delegados, mas deve disputar a diretoria junto com outros partidos. O PPS e o PDT são
os únicos que defendem um ''apoio crítico ao provão''.
Eles, assim como a Articulação, também são a favor de eleições diretas para a UNE, e contra o
monopólio da entidade sobre a carteirinha estudantil.
Folha de São Paulo, 06/07/97, folhateen.
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