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Os artigos abaixo nos dão uma visão da INEXISTÊNCIA DE ESTUDANTES NA UNE.
Então, porque ela existe? Não é problema nosso...
Nosso problema é construirmos novas organizações estudantis, e não deixar que estes politiqueiros entrem (afinal, cheiram muito mal...) Vamos fazer a NossaUNE Ro-Shan-Bow!!!



Entenda as propostas da PEC 370

A PEC 370 visa dar maior autonomia às universidades federais, na visão do Ministério da Educação. Para a UNE, é o mais grave ataque ao ensino superior já feito no país e o início da privatização das universidades.

Para o MEC, a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição daria às universidades federais o direito de fazer o que bem entender com o dinheiro que recebem do governo.

Hoje, a Universidade Federal do Paraná, por exemplo, não pode aumentar a seu bel-prazer o salário dos professores ou decidir que demitirá funcionários para gastar mais com pesquisa. Elas não têm autonomia para mexer no orçamento. O dinheiro sai do MEC com destino definido, como manda o artigo 207 da Constituição.

Se a PEC 370 for aprovada, as universidades ficam livres para fazer o que quiser com o que recebem do MEC. A carreira do professor _que hoje é igual à do servidor público, ou seja, não pode ser demitido_ também será decidida pela universidade.

As verbas serão distribuídas de acordo com o número de alunos, de pesquisas e da ''contribuição social'' da universidade, na definição do ministro Paulo Renato Souza (Educação). A universidade pode decidir ter outras fontes de renda se a reforma for aprovada, como, por exemplo, receber dinheiro de uma empresa em troca de pesquisas.

A UNE é contra tudo isso. ''O governo quer transformar as universidades em empresas privadas'', diz Márcio Jardim, vice-presidente da entidade. A entidade é contra porque acredita que o conhecimento produzido pela universidade deve ser um bem público, ao qual todos deveriam ter acesso, e não restrito a alguma empresa ou grupo.

Outra divergência é sobre os recursos que caberiam às universidades. A PEC 370 prevê que 75% das verbas federais destinadas à educação fiquem com as universidades. O percentual é mais ou menos a média dos dois últimos anos.

No ano passado, os gastos com universidades foram de R$ 4,185 bilhões. A UNE não reclama muito do valor, mas, sim, da forma como será aplicado. A PEC 370 prevê que as universidades receberão recursos dessa ordem durante dez anos e silencia sobre o futuro.

A UNE não tem dúvida: depois do fundo virá o apocalipse, a besta-fera do ensino pago.

Folha de São Paulo, 27/10/97, folhateen.

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Militância nos anos 90 é outra

A militância entre jovens não morreu, segundo a socióloga Janice Tinelli.

Só migrou das universidades para movimentos como o de negros, de meninos de rua, de anarcopunks e de católicos.

O jeito de fazer política mudou, avisa Tinelli, que defendeu uma tese de doutorado na USP sobre militância nos anos 90.

"O jovem quer defender causas concretas, quer ser feliz, mas não abre mão da sua liberdade, não faz os sacrifícios dos anos 60", diz.

Nenhum desses ingredientes é encontrado no movimento estudantil, segundo a pesquisadora"A UNE copia o modelo dos partidos, isso afasta os jovens".

O modelo partidário afasta os jovens, segundo Tinelli, porque não prevê espaço para a individualidade, um dos bens mais preciosos para a juventude atual. "Quando a individualidade está sendo sufocada, a molecada cai fora."

Vem daí o esvaziamento do movimento estudantil.

Seria ingênuo comparar o jovem de hoje com o dos anos 60, na opinião da socióloga, e concluir que há mais alienação atualmente.

"São momentos históricos diferentes. Hoje, os movimentos estão mais fragmentados: o jovem não luta só contra a ditadura, como nos anos 60, luta contra a discriminação racial, pelos meninos de rua, pelo aborto, pelos ideais anarquistas".

A grande diferença, para ela, é que não há mais a ilusão de que uma revolução mudará o mundo. "Eles dizem que vão fazer o que está ao alcance deles." São mais individualistas e, em compensação, menos ingênuos.

Folha de São Paulo, 27/10/97, folhateen.



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Cenas que fizeram a história

A UNE já é uma entidade sessentona. Foi fundada em 1937, mesmo ano em que Getúlio Vargas instituiu o Estado Novo, uma ditadura que dissolveu o Congresso, censurou jornais e acabou com os partidos.

A UNE, então, era ligada à chamada direita _tanto que o ditador Vargas foi eleito presidente de honra da entidade em 1938.

O domínio da direita sobre a UNE foi breve. Nesses 60 anos, a entidade funcionou como trampolim para partidos e propostas nacionalistas e/ou de esquerda.

Uma das primeiras bandeiras da UNE a ganhar as ruas foi a campanha ''O Petróleo é Nosso'', nos anos 50. Ela propunha que a exploração e distribuição do petróleo ficassem a cargo do governo e de empresas nacionais.

Os anos 60 foram os mais efervescentes na história da UNE. No início dessa década, a entidade cria o CPC (Centro Popular de Cultura), que acreditava na ''conscientização'' da população por meio de peças de teatro, discos e filmes.

Com o regime militar, a UNE fica encurralada. Em 1964, o governo toma a sede da entidade no Rio. Um ano depois, ela é extinta.

É na ilegalidade que a UNE comanda o mais célebre protesto contra os militares, a ''Passeata dos Cem Mil'', que tomou o centro do Rio em junho de 1968.

Quatro meses depois, os participantes do congresso da UNE seriam presos em Ibiúna (SP).

O encolhimento do espaço político leva os estudantes a radicalizar as ações. Os militares não permitiam muita escolha: prisão, exílio ou guerrilha eram as alternativas.

Como consequência, a UNE deixa de existir entre 1971 e 1979, quando é refundada.

Em 1984, a entidade apóia a campanha ''Diretas Já''. No processo que resultou no impeachment de Collor, em 1992, os estudantes são o rosto mais visível dos protestos _os ''caras-pintadas''.

A última vez que se viu a UNE nas ruas foi em maio deste ano, em protesto contra a privatização da Vale do Rio Doce. Já não havia dezenas de milhares de estudantes, como no ''fora Collor''.

Folha de São Paulo, 27/10/97, folhateen.


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